Um Tira-Gosto do livro "Estudos Clássicos e Filológicos": O Sistema das Artes Liberais

 

Alegoria das Sete Artes Liberais. Marten de Vos (1532-1603)

Recentemente publiquei um estudo sobre o ensino de gramática no início daquele período que chamamos Idade Média Latina, quando se estabeleceram os reinos bárbaros pelo território do antigo Império Romano do Ocidente. Nessa época, há uma tentativa de preservar a cultura romana e toda ordem representada pelo Imperium Universale através da força germânica. Todo este contexto já foi descrito aqui. É tema inspirador da própria página. Nada de diferente que o leitor habitual do blog já não tenha entrado em contato. Para aqueles que ainda não leram sobre a nossa perspectiva da formação da Europa, não deixem de ler.

Pois bem, como estava falando, publiquei um capítulo sobre a educação medieval no livro Estudos Clássicos e Filológicos. Ele pode ser baixado gratuitamente neste link. Nele, depois de extensa pesquisa e leitura, debruço-me sobre a história e origem do Sistema das Artes Liberais bem como sobre a história do ensino de Literatura e Gramática. Quero dar-lhes um tira-gosto da seção em que comento o papel das Artes Liberais na formação humana e da Literatura, em específico, como predecessora da Sabedoria. Eis aqui:

"[...] As artes liberales ou studia liberalia são um sistema bem acabado de ensino voltado à prática das atividades de escrita e discurso, contudo, apesar de já aparecer pronto para o usufruto dos mestres, é precedido por um século de discussão sobre a validade da arte literária na formação dos jovens. 

Dentro deste método, a Litteratura ou Grammatica figura como a primeira das disciplinas e eleva o jovem, através dos textos primordiais do mundo helênico, à excelência necessária para se viver na pólis. É uma primeira resposta à preocupação de Platão. A crítica à poesia como desagregadora do tecido social foi até um pouco mais longe no tempo devido à própria influência do filósofo, o que fez que se aperfeiçoasse o método, acrescentando a busca de elevação moral à aquisição de cultura letrada. A resposta a que se chega para o dilema dos poetas não é o seu desaparecimento em detrimento da filosofia, mas o estabelecimento da literatura como alicerce de um edifício cujo cume é a própria filosofia. " (2021, P. 49-50) 

A literatura não é desagregadora nem um empecilho à ordem social, mas um instrumento na construção do bom caráter e intelecto do jovem, e até mesmo de certos ideais sociais, como o da cavalaria, que contam com ela para se solidificar no imaginário do povo. É uma manifestação visível da tradição invisível de um povo. É também propedêutica às outras ciências, segundo a concepção clássica de filosofia e ciência. Enfim, tudo isso é tratado com muito mais detalhes no capítulo em questão. Aqui eu deixei apenas um presente e um convite. 

Para acessar o livro e ler o meu artigo-capítulo cujo nome é "A Tradição Latina do Ensino da Ars Grammatica", basta acessar aqui e baixar a obra gratuitamente.

P.S.: Não percam, caros leitores, as novas séries que vão surgir por aqui. Estão com a leitura em dia do D. Quixote? Preparem-se! A partir da próxima semana estaremos viajando com o saudoso fidalgo pelas paragens da civilização. Vamos tentar enxergar o que há de lúcido em seu discurso. Essa é a nossa próxima missão como cavaleiros. Aguardo-os em breve.